quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Uso criativo do obturador.

Capturar imagens com qualidade técnica se resume no uso correto de dispositivos como obturador, diafragma e, também, do manuseio correto da sensibilidade do sensor da câmera (ISO). Nesta postagem, vou falar mais especificamente do obturador e seu uso como recurso criativo para compor belas imagens.
Localizado no corpo da câmera, o obturador controla a velocidade com a qual a câmera fechará as cortinas que definem o tempo de exposição do sensor à luz. À medida que aumentamos a velocidade do obturador, reduzimos a quantidade de luz recebida pelo sensor e, por isso, é fundamental prestar atenção na leitura fornecida pelo fotômetro da câmera afim de mantermos nossa imagem bem exposta.


Quando utilizado em conjunto com o flash, o obturador limita a quantidade de luz natural. Note que a exposicão da luz do flash sobre o assunto de nossa cena é controlada apenas pelo diafragma e ISO.
Na imagem acima, o obturador foi pensado de forma a subexpor o segundo plano pelo uso de uma alta velociade. Enquanto o diafragma foi pensado para que a luz do flash alcançasse apenas a senhora. 
É necessário nos atentarmos ao alcance do flash para que nosso objetivo seja atingido. Com o flash apontado diretamente para o objeto, temos a seguinte relação:
Número Guia= abertura do diafragma (f) x distância do objeto (d).
O número guia diz respeito ao alcance máximo do flash quando este utiliza sua potência máxima (1) em condições específicas de ISO (geralmente 100). Quando o pulso de luz é emitido com potencia máxima, temos um pulso mais longo e, analogamente, quando temos um pulso emitido com baixa potência (1/128), temos um pulso curto. Ou seja, temos um pulso emitido com grande velocidade e, por isso, mais eficiente quando pensamos em congelar movimentos com o auxílio do flash.
Mais frequentemente, o obturador é pensado para congelar movimentos em cenas dinâmicas.



Podemos utilizar esta idéia de maneira contrária para, por exemplo, capturarmos cachoeiras com baixa velocidade afim de obtermos a água de forma fluida, o que cria a impressão de um "véu de noiva".
Se pensarmos em uma imagem executada com baixa velocidade do obturador e algum objeto em movimento, temos a chance de acompanhar este objeto para priorizar seu foco e, com o flash sincronizado com a segunda cortina, podemos utilizar o pulso emitido para congelá-lo antes da segunda cortina finalizar a captura da imagem. O efeito é um arraste do fundo com o objeto exposto pelo flash com nitidez mais preservada.



Note na imagem abaixo que há um disparo prévio do flash para que a potência seja corretamente calculada quando em modo TTL.

Voltando a fórmula, se adotarmos como referencia um flash com numero guia igual a 40 e utilizarmos uma abertura de diafragma igual a 10, devemos estar a 4m de distancia do objeto para que este receba uma quantidade ideal de luz.
Obturadores com velocidade baixa e flash também podem ser aplicados para preservar a luz ambiente de locais pouco iluminados e preencher sombras.


Além disso, condições de baixa luminosidade também são necessárias para o desenvolvimento de técnicas como "Light Painting" ou pintura com luz. Para tanto, devemos utilizar uma baixa velocidade do obturador, ou seja, um longo tempo de exposição para, por exemplo, registrarmos estrelas enquando pintamos os demais assuntos da foto com fontes de luz alternativas como lanternas e faróis de carros.
Os usos criativos do obturador podem ser diversos. Devemos, entretando, entender quais planos tem prioridade para o desenvolvimento de linguagem e, também, quais as fontes de luz necessárias para alcançarmos nosso objetivo. Lembrem-se de que o obturador tem impacto apenas em fontes de luz contínuas e não em flashes.