quinta-feira, 11 de junho de 2015

Balanço de branco em câmeras digitais.


A interpretação da luz ambiente e a forma como ela será trabalhada são decisivas na obtenção de uma boa imagem. Retratar o mundo com fidelidade de cores ou, ainda, com fidelidade de emoções são decisões que partem da maneira como o fotógrafo deseja que seu trabalho seja recebido pelo público. De qualquer maneira, entender como a luz se comporta em meios gasosos e/ou líquidos é fundamental no planejamento da fotografia. O Balanço de Branco ou White Balance (WB) oferece o controle da temperatura de cor (Kelvin- K), que é necessário para estas questões.
As diferenças entre as cores irradiadas por diferentes fontes de luz são medidas pela escala de temperatura termodinâmica Kelvin. Quanto maior a energia irradiada pela fonte, maior a temperatura de cor. Podemos notar que a chama de um maçarico irradia mais energia do que a chama de uma vela e, portanto,  a luz azul tem uma temperatura de cor mais elevada do que a luz amarela.
Para corrigir o espectro de cores apresentados em uma imagem, é necessário identificar a temperatura da luz ambiente e neutralizá-la para reproduzir as cores de forma correta.

Os ajustes de balanço de branco (WB) efetuados diretamente na escala Kelvin são encontrados a partir de câmeras semi-profissionais. As câmeras inferiores apresentam programações pré definidas para valores de WB como: lâmpada incandescente, fluorescente, luz do sol, flash, tempo nublado e sombra.
Vale notar na figura acima que os ajustes programados para balanço de branco oferecem menos possibilidades de correção ou uso criativo deste recurso, uma vez que tem valores fixos de temperatura de cor. Também vale frizar que o uso do balanço de branco em modo automático só tem assertividade dentro da faixa de temperatura de cor que vai de 3.000 até 7.000K.
O ajusto de temperatura de cor no modo "K" permite uma graduação muito mais refinada de valores, que são alterados com intervalos de 100K em câmeras semi-profissionais.
Então, se você identificar um excesso de luz ambiente avermelhada e deseja manter a fidelidade de cores de sua imagem, deve-se abaixar a temperatura Kelvin no ajuste WB  afim de neutralizar o vermelho.
Analogamente, o fotógrafo pode decidir tornar um pôr do sol mais avermelhado aumentando a temperatura de cor para valores maiores do 5.500K, ou seja, o fotógrafo mente para sua câmera ao informar que a luz ambiente é azulada e a câmera tenta neutralizar o excesso de azul adicionando mais amarelo.

Na prática, diz-se que, para “esquentar” uma imagem, altera-se a temperatura para valores superiores à temperatura da luz branca (luz do sol), que gira em torno de 5.500K. Já para “esfriar” um imagem, altera-se para valores inferiores à 5.500K.
Adotando a mesma linha de pensamento, se buscamos fidelidade de cores em nossa imagem, devemos informar valores de temperatura de cor próximos ao da luz predominante na cena que desejamos registrar. 
Já debaixo d'água, o balanço de branco deve ser pensado de forma diferente, principalmente para quem não possui flash e pretende fotografar em profundidades superiores à 10m, mesmo com ótima visibilidade. O uso do flash implica que o mergulhador deverá respeitar o alcance de seu equipamento para que a temperatura de cor da luz predominante seja de aproximadamente 5.000K.
Na água, as cores com maior comprimento de onda e menor energia são absorvidas primeiro. O vermelho é absorvido e desaparece em profundidades superiores a 15m, o laranja desaparece em profundidades superiores a 25m, o amarelo desaparece depois dos 40m e o verde por volta dos 70m de profundidade. A cor azul, com menor comprimento de onda e maior energia, é a última a desaparecer. Por isso, fotos subaquáticas costumam ganhar um aspecto azulado quando feitas sem o uso de flash.
Nesses casos, é fácil recuperar grande parte das cores compensando o excesso de azul por meio do uso de temperaturas de cor acima de 6.000K. Por exemplo, na primeira imagem, o utilizei um balanço de branco de 9.000K para neutralizar o excesso de azul a 12m de profundidade, enquanto na segunda utlizou valores superiores a 40.000K (tratamento digital) para neutralizar o excesso de azul à 40m.

Apesar de serem mundos distintos, a técnica fotográfica continua a mesma. Ela é baseada na compreensão de fenômenos físicos como o comportamento da luz em meios diferentes e das temperaturas de cor produzidas pela fragmentação do espectro de cores que formam o branco.


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