quinta-feira, 4 de junho de 2015

Fotometria.

Para os iniciantes na fotografia, medir a quantidade de luz ideal para se obter uma imagem  bem exposta faz parte dos conceitos técnicos que mais oferecem dificuldades. Enxergar o mundo pelas lentes de uma câmera requer a compreensão de como a câmera o enxerga: uma enorme variante de tons de cinza que vão desde o branco até o preto absoluto.
Para tanto e a grosso modo, podemos categorizar três zonas distintas em uma cena: baixas luzes (sombras), meios-tons e altas luzes (realces). Dentro destas possibilidades, os meios tons são responsáveis pela maior captura de textura e, por isso, trabalhá-los de forma a expandir sua presença nas imagens garante resultados mais ricos e atraentes aos olhos humanos por criar fotos com grande contraste.
Quando visualizamos o fotômetro de câmeras digitais, temos a seguinte disposição:
Cada unidade do fotômetro corresponde a um ponto de luz, ou seja, quando variamos a medição de luz do fotômetro em mais um ponto, isto quer dizer que permitimos que o dobro de luz chegue ao sensor da câmera. Da mesma maneira, quando diminuímos em um ponto de luz, estamos reduzindo pela metade a quantidade de luz da cena. Estes pontos de luz são exatamente a diferença entre os tons de cinza que compõe a escala tonal percebida pela câmera. A diferença entre um tom de cinza e o próximo é exatamente o dobro de luz.
Nesta figura é possível observar que, para que conservemos informação e textura em todas as áreas de nossa imagem, é necessário que a luz capturada esteja dentro de um intervalo (alcance dinâmico) com, no máximo, 4 pontos de luz de diferença entre sombras e realces.
Os olhos humanos são capazes de identificar e se ajustar a uma grande variedade de tons de cinza em uma única cena. O mesmo não acontece com câmeras digitais. Para que possamos desenvolver uma boa linguagem fotográfica, devemos entender quais são as possibilidades para ajustar as informações importantes da imagem desejada dentro do intervalo de tons capturados pela câmera digital.

Como podemos notar na figura acima, enquanto o filme analógico é capaz de identificar 12 tons do preto até o branco, a câmera digital captura apenas 5 tons, os quais se distribuem por uma latitude de luminância (alcance dinâmico) com 4 pontos de luz de diferença entre sombras e realces.
Nos modos semi-automáticos A/ Av, S/Tv e P, podemos reajustar o referencial de exposição da câmera através do comando para compensação de exposição +/- . Quando alteramos o valor base de zero para, por exemplo, +1, estamos informando a câmera de que gostaríamos de ter a exposição de nossa imagem calculada para que esta esteja ligeiramente super exposta ao permitir que o dobro de luz chegue ao sensor da câmera.

Ainda, podemos notar que cada unidade do fotômetro é dividida em terços e que cada um destes terços responde aos ajustes escolhidos durante a captura. Para cada três alterações com o propósito de permitir a entrada de mais luz ou reduzí- la, temos a variação de um ponto de luz. Assim, quando aumentamos o ISO de 100 para 200, permitimos o dobro de luz na cena. Quando fechamos o diafragma de 5,6 para 8,0, diminuímos pela metade a quantidade de luz que chega ao sensor e, por fim, se diminuirmos a velocidade do obturador de, por exemplo, 1/640 para 1/320, dobramos novamente a quantidade luz da cena que será registrada.
Portanto, controlamos a quantidade de luz que chega ao sensor pela manipulação de três parâmetros: ISO, abertura do diafragma e velocidade do obturador. Podemos utilizá-los individualmente ou em conjunto afim de restringir ou aumentar a quantidade de luz da cena para termos uma boa exposição. 
Para aumentar nosso controle sobre a exposição da imagem, o ideal é utilizar o modo de medição pontual da câmera, ou seja, o fotômetro vai responder a quantidade de luz sob o ponto escolhido para informar qual é o primeiro plano da imagem (foco). Vale notar que o foco não interfere na fotometria. Podemos medir a luz em uma dado plano da cena e realizar o foco em outro.
Quando medimos a luz de uma cena afim de zerar o fotômetro, estamos informando a câmera de que desejamos tornar aquela região o referencial para meios tons. 
O resultado final da imagem capturada pode ser visualizado em um histograma gerado a partir do arquivo JPEG utilizado para exibição no monitor da câmera. O histograma mostra como os pixels se distribuem na imagem desde o preto até o branco passando pelos meios tons.

Na figura acima, notamos que, quando o lago é utilizado como referência de meio tom, a maior parte do histograma se distribui entre baixas luzes e meios tons ao passo que o céu, ligeiramente super exposto, é representado por poucos pixels do lado direito do gráfico. Ainda assim, nosso histograma se espalha ao longo de todo eixo e, assim, vemos que os pixels estão distribuídos ao longo de toda escala tonal, o que resultou em uma imagem com alto contraste. 

Por outro lado, quando minha referência de meio tom passa a ser o céu, a diferença de luz entre ele e o lago passa a ser de 3 pontos de luz. Quando pensamos no fotômetro, notamos que, a partir do zero, temos dois pontos de luz para cada lado afim de manter textura e informação na imagem capturada. Com 3 pontos de diferença com o céu, perdemos a informação da maior parte da foto, que passa a ter a maior parte dos pixels concentrados em áreas de baixa luz no lado esquerdo do gráfico, ou seja, estas áreas se tornaram sub expostas enquanto o céu passou a ter a maior parte da informação. Desta vez, não há uma distribuição homogênea de pixels ao longo da escala tonal, o que resultou em uma imagem com baixo contraste.
É preciso planejamento quando vamos decidir quais partes da cena representarão meios tons. Muitas vezes, é necessário o uso de iluminação artificial afim de resgatar informação e manter os pixels dentro do intervalo de 5 pontos de luz registrados pelas câmeras digitais. Ainda assim,  entender sua dinâmica e método de enxergar o mundo se faz necessário para que alcancemos o resultado desejado.

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